sábado, 28 de outubro de 2017

NÓS PRECISAMOS DA FORMAÇÃO VISUAL.

‘Nós precisamos da formação visual’, diz escritora e ilustradora de livros infantis

Bia Reis e Cristiane Rogerio - O Estado de S. Paulo - 08/10/2017
Escritora, ilustradora e pesquisadora de literatura infantil, Aline Abreu fala a seguir do desafio do professor de trabalhar em sala de aula com a produção contemporânea:

Nas últimas duas décadas, o mercado de livros infantojuvenis no Brasil mudou muito. As principais novidades foram a chegada de obras estrangeiras e a produção de livros de autores brasileiros que valorizam ainda mais o projeto gráfico e o papel das imagens nas narrativas. Aumentou, assim, o desafio para o professor mediar o livro na escola?

Sim. Todos nós precisamos entender que a leitura de imagens é um conceito a ser adquirido como o código da escrita – e isso não está claro ainda. É como se a leitura de uma ilustração estivesse sujeita à intuição e apenas à interpretação individual. É claro que a exposição a esses livros vai formando o olhar, mas o professor que tem o compromisso de fazer uma boa mediação deve saber que existe também uma formação na leitura de imagens. Da mesma maneira que temos de desenvolver uma competência para a leitura do texto verbal, precisamos da formação visual, para não se ater a uma leitura superficial das imagens e perder a potência de leitura do livro. 

E como fazer com as crianças?

Primeiro, tanto para si mesmo quanto para a criança, dar tempo para a leitura do livro por fruição. Depois, trabalhar a leitura de forma, digamos, mais consciente, assumindo que a imagem é uma linguagem a ser lida. Se aprendemos a ler os diferentes gêneros literários na palavra, como a poesia, por que com a imagem não?

Então os livros com imagens, ao contrário do que pensamos, exigem uma dedicação especial, um tempo para esta leitura...

O tempo da leitura das imagens é outro: é o tempo da contemplação. É muito importante para exercitarmos, pois é uma mudança de percepção de crianças e adultos. Não é o tempo da leitura de imagem rápida do dia a dia. 

E também um tempo para conversar sobre essa imagem...

Sim, o professor precisa disso. Vai ser como os livros clássicos de literatura que ele ama, que sente vontade de compartilhar com os alunos. Se eu amo Alice no País das Maravilhas (Lewis Carrol), por exemplo, vou fazer quantas leituras forem necessárias para ler melhor. Estou falando de um estudo do livro com imagens, essa leitura de forma mais investigativa para questionar a obra. E não é que os livros têm de ser todos altamente complexos, mas que sejam desafiantes. Cito na minha pesquisa duas obras que expõem o jogo e usam senso de humor. A primeira é Pato! Coelho! (de Amy Krouse Rosenthal e Tom Lichtenheld), em que dois narradores veem uma mesma imagem e dizem que ora parece um animal, ora outro; e a segunda, Aperte Aqui (de Hervé Tullet, que sugere que a criança interaja fisicamente com o livro). Os temas não são difíceis, mas eles são profundos no sentido da experiência de ler. O jogo que eles propõem é pela brincadeira, mas é sofisticado.

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