quinta-feira, 23 de junho de 2016

MENINA ACHA LIVRO EM ESTAÇÃO, APRENDE IDIOMA E ENCONTRA DONO APÓS 24 ANOS.

Menina acha livro em estação, aprende idioma e encontra dono após 24 anos

G1 - 05/06/2016


Foi por acaso que Tatiana Loureiro, de Barretos (SP), decidiu aprender espanhol. Quando tinha apenas 8 anos, encontrou um material didático sobre o idioma deixado em uma estação de trem de sua cidade, fato que a fez descobrir suas ligações familiares com a Espanha e, anos mais tarde, a inspirou a se tornar professora da língua de Cervantes.
Coincidência maior foi quando a docente, que atua de maneira voluntária em um projeto educacional voltado à terceira idade no interior de São Paulo, recentemente conheceu o antigo dono do livro tão importante em sua vida.
Ao contar como foi seu primeiro contato com o idioma para alunas da Universidade Aberta à Terceira Idade, do Unifeb, a professora de 32 anos leu um recado escrito no "Manual de Español" (Idel Becker, 1957), que despertou a atenção de uma das estudantes, colega de escola do primeiro detentor do livro, que em sua época doou o livro a outra pessoa após o término do ano letivo.
A mensagem caligrafada em uma das páginas amarelas fazia referência a um homem chamado Carlos Henrique Augusto, "do primeiro científico" [o equivalente ao primeiro ano do ensino médio], o que mais tarde se descobriu ser um morador de Barretos.
"Eu me dei conta da importância do recado quando apresentei na sala a minha história e as alunas ficaram interessadas. Quando viram o nome no livro e uma delas descobriu que era de um conterrâneo aí sim vi o quanto essa mensagem foi importante para hoje achar o dono do livro", afirma Tatiana.
'Paixão à primeira vista'
Hoje advogada, professora universitária e voluntária na docência do espanhol para a terceira idade, Tatiana conta que, quando era criança, tinha o costume de passar pela linha férrea quando ia visitar seu tio.
Em uma dessas caminhadas, encontrou uma pilha de livros abandonados. Um deles, com palavras diferentes das que já tinha se habituado a ler, despertou sua curiosidade. A então menina de 8 anos levou consigo o "Manual de Español", de 1957, já com páginas amarelas.
"Foi paixão a primeira vista. Eu abri o livro, vi aquelas palavras que não conhecia e fiquei muito interessada", lembra.
Em casa, descobriu através do livro que, antes do achado, já tinha uma ligação familiar com a Espanha. "Quando cheguei em casa e mostrei o livro pra minha mãe ela disse: nossa, o seu bisavô era espanhol, de Astúrias [principado no norte da Espanha]. Talvez isso também tenha me levado a querer entrar mais a fundo no idioma", conta.
De família humilde, Tatiana esperou até os 14 anos para saciar a sua sede de conhecimento com aulas de espanhol. De aluna, passou a professora quatro anos depois. "Acredito que ele [o livro] tenha sido o início de minha formação e o fato de querer ser professora também, foi ele que me fez querer ter essa vontade."
Encontro inesperado
Vinte e quatro anos se passaram desde o achado na linha férrea, que deu lugar a uma rua em Barretos. A advogada Tatiana passou a ensinar espanhol esporadicamente, através do projeto voluntário voltado à terceira idade em Barretos. Em uma dessas aulas, veio à tona a coincidência sobre o livro e o antigo dono, bem como a chance de voltar ao passado.
Contatado pela funcionária pública Conceição Aparecida Ribeiro Borges, uma das alunas de Tatiana, o aposentado Carlos Henrique Augusto foi convidado a reencontrar o livro 59 anos depois e se deparar com o efeito que ele provocou.
"Eu levei um susto, porque eu jamais imaginava que ainda poderia existir alguma coisa de meu tempo de escola que tivesse alguma referência e que tivesse servido para alguma coisa", relata.
Augusto explica que não sabe como o livro foi parar na linha férrea, sobretudo porque, em sua época de escola, mantinha o hábito de repassar os materiais didáticos usados para estudantes mais novos.
O aposentado ficou tão feliz com a redescoberta que fez questão de confeccionar uma capa especial para o emblemático manual antes de devolvê-lo a Tatiana. Nele, inscreveu a palavra "inspiração", simbolizando o que aquele objeto representa.
Quem testemunhou a história ficou surpreso e emocionado. Aluna de Tatiana, a aposentada Norma Abdala Tomé Arienti define o que viu como uma história de amor. "Aos 84 anos, eu já vi muitas coincidências, mas igual a essa, de tanta sabedoria, foi a primeira. Fico muito feliz e grata", diz.
Para a advogada de Barretos, a forma como o livro chegou às suas mãos e o resultado que isso causou deixaram para ela uma lição. Uma mínima ação, por mais despretensiosa que seja, pode mudar a vida de outra pessoa. "Muitas vezes as nossas atitudes acabam influenciando as pessoas de forma direta e indireta", define.
Assista ao vídeo da reportagem neste
link.

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