sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

SEGUINDO EXEMPLOS DE CIMA, A BEIJA FLOR DA MAL EXEMPLO.

Encaminhando mais matéria para reflexão, recebida de mão amiga. Porque a indiferença é pecado ético.
Abraço fraterno.
José Pacheco

Neste carnaval, um criminoso internacional estará na Sapucaí. Não se trata de um traficante de drogas, de um bicheiro, de ex-diretor da Petrobras e nem de um comerciante de armas. O homem mais perigoso deste desfile em 2015 estará na ala VIP do Sambódromo, tratado como um rei. Afinal, foi ele quem alugou uma das escolas de samba mais tradicionais do Brasil, comprou o samba-enredo e vestiu o grupo para servir de plataforma para apresentar ao mundo as belezas de seu país.
Teodoro Obiang, ditador da Guiné Equatorial, pagou 3 milhões de euros para a Beija Flor esquecer qualquer moral, ética e decência e transformar seu desfile em uma homenagem a um país que é o símbolo da destruição de uma sociedade por seus líderes.
Na verdade, não foi Obiang quem pagou pela fantasia. O dinheiro veio de seus miseráveis cidadãos, que jamais foram questionados se estavam de acordo com a iniciativa. Na verdade, há anos que ninguém os consulta para absolutamente nada.
Fantasiado de estadista, Obiang estará com sua delegação oficial de ministros, laranjas e opressores na avenida. Ele já havia sediado a Copa da África e vem fazendo esforços internacionais para mostrar ao mundo a "real imagem" de seu país.  O Carnaval, portanto, faz parte dessa estratégia.
É verdade. A compra de um samba-enredo não é exclusividade da Guiné. Em 2003, Hugo Chavez bancou a escola campeã do Carnaval do Rio, com uma homenagem à América Latina. Neste ano, os suíços também pagaram milhões para "inspirar" o samba da Unidos da Tijuca, a atual campeã. Na letra, paga também com a ajuda de bancos, nenhuma menção a contas secretas da Petrobras na Suíça e do fato de seu sistema financeiro ser o verdadeiro Lava-Jato do mundo.
Mas nada se compara ao serviço que a Beija Flor prestará a um governo que reprime a voz de qualquer dissidente. Neste fim de semana, o bumbo da escola vai ajudar a silenciar qualquer grito desesperado de ajuda que possa vir da Guine. Unamuno já dizia: "cuidado, as ditaduras também fazem belas canções".
Lado B - Mas talvez os foliões queiram saber quem é exatamente a pessoa que está financiando aquela fantasia que, com um sorriso no rosto, o carioca vai desfilar com orgulho.
O samba-enredo que fala das belezas naturais do país e das qualidades de um povo que faço questão de apresentar aqui, sem serpentina.
Moradores nas ruas de um bairro pobre no
                        centro de Malabo, na Guiné Equatorial. Junho de
                        2011. Foto: AFP
Moradores nas ruas de um bairro pobre no centro de Malabo, na Guiné Equatorial. Junho de 2011. Foto: AFP

Obiang chegou ao poder em 1979, em um sangrento golpe de estado em que tirou da presidência seu próprio tio. Hoje, ele é o presidente africano com mais anos no poder, superando até mesmo Robert Mugabe do Zimbábue e sem previsão de deixar o cargo.
Pena que os autores do enredo não tiveram acesso aos dados sociais da Guine que o Banco Mundial apresenta sempre que vai tratar da ex-colônia espanhola. Com apenas 720 mil pessoas, o minúsculo país enriqueceu graças ao descobrimento de petróleo.
Na verdade, o país não enriqueceu. Quem enriqueceu foi a família Obiang e seus amigos. Levando em consideração a divisão da riqueza do país de forma igualitária a todos, a Guine teria um PIB per capta médio de US$ 22 mil, superando o Brasil
O problema é que esse dinheiro jamais chegou à população. Mais de dois terços dos cidadãos vivem com uma renda de menos de US$ 1,00 por dia. Quase 90% das pessoas não tem acesso à Internet e a expectativa de vida é de apenas 53 anos, o equivalente ao que existia na Europa há quase 200 anos.
O governo destina 0,6% de seu PIB para a educação e 20% das crianças estão em um estado de desnutrição profundo.
Confisco - Enquanto sua população é abandonada, Obiang e sua família vivem em um luxo que surpreende até mesmo as autoridades dos EUA e Europa. No ano passado, seu filho Teodoro Nguema Obiang Mangue viveu um constrangimento internacional depois que seu edifício de cinco andares na sofisticada Avenue Foch, em Paris, foi confiscado pela Justiça francesa e avaliado em US$ 180 milhões. O prédio com 101 quartos, teatro, cinema e banho turco tinha sido comprado pelo filho do ditador e, em 2011, vendido ao estado da Guiné-Equatorial.
Nos banheiros, televisões foram instaladas e talheres de ouro faziam parte dos utensílios da casa.  Uma coleção de arte ainda foi encontrada, com obras de Degas e de Rodin, e uma decoração avaliada em US$ 50 milhões.
Na garagem, o Fisco apreendeu onze carros de luxo - Bugatti Veyrons, Maybach, Aston Martin, Ferrari, Rolls-Royce e a Maserati MC12 - e uma adega de vinhos avaliada em 2 milhões de euros.
A suspeita era de que a compra de prioridades havia se transformado em uma forma de os Obiang lavar dinheiro.
Nos EUA, as autoridades também fecharam o cerco contra a família e, no ano passado, o filho do ditador foi obrigado a pagar uma multa de US$ 30 milhões por desviar o dinheiro da corrupção para o pais. Os Obiang mantinham nos EUA uma casa em Malibu, mais uma Ferrari e itens de coleção de Michael Jackson.
"Houve um incansável roubo e extorsão", indicou Leslie Caldwell, vice-procuradora  dos EUA. "Sem nenhuma vergonha, a família roubou seu país para financiar um estilo de vida de luxo.
Da multa de US$ 30 milhões, o governo dos EUA decidiu usar US$ 10 milhões para programas sociais na própria Guine-Equatorial. Afinal, o dinheiro era dessa população.
Silêncio - De repente a Beija Flor poderia fazer o mesmo e usar parte do dinheiro que recebeu para destinar a uma escola no país africano e garantir que aquela imagem que ela vai ajudar a enganar o mundo não seja apenas fantasia.
O mero fato de aceitar o dinheiro já deveria fazer a mão de quem toca o surdo suar frio. Alguém poderia dizer: agora é tarde demais. Não há como cancelar a festa das festas.
Mas, ao mesmo tempo, com que ilusão alguém samba sabendo que sua fantasia é financiada pela fantasia de um criminoso que tira dinheiro da educação para alugar uma escola de samba? Ladrão de sonhos, como diria o refrão!
Um significativo protesto seria o silencio da bateria ao passar diante do ditador na avenida, num silêncio ensurdecedor. A escola certamente perderia o Carnaval 2015. Mas seria reverenciada pelo mundo e, acima de tudo, pela oprimida população da Guiné que finalmente veria a máscara de seu ditador cair, e antes da quarta-feiras de cinza.

Um comentário:

  1. O desfile da Beija Flor foi sem dúvida, um show. Mas, o presidente da escola declara publicamente que: " não importa de onde vem o dinheiro", a escola deveria no mínimo ser rebaixada. É o exemplo vindo de Brasília. Quando será que teremos dirigentes dignos, honrados, que se dão ao respeito e que respeitam o povo.

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