sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A BUSCA POR DEUS.

Cresce número de livros sobre Deus no mercado editorial

Correio Braziliense - 19/08/2014


Contra ou a favor, Deus rende boas histórias. Os editores de livros sabem. De todos os personagens que se pode imaginar, o que o Pai de todos é, sem dúvida, o mais conhecido de todos os leitores. Independentemente da fé ou da crença, apesar das disputas e guerras em seu nome, Ele é o mesmo para qualquer crente. É, talvez, a única unanimidade quando se trata de religiões. E movimenta um mercado milionário.

O mais recente de Deepak Chopra, o médico indiano guru de celebridades e guia new-age para uma espiritualidade contemporânea, narra histórias de revelações divinas a partir da perspectiva de diversos credos. Até o filósofo Sócrates entra na conta de Deus - Dez histórias de revelação divina ao homem. Chopra vende como pãezinhos quentes - os 16 livros já ultrapassaram 20 milhões de cópias. Lançado nos EUA, Deus foi para o topo da lista de best-sellers do The New York Times.

Fundador do Centro Chopra para o bem-estar, na Califórnia, onde dá aulas de filosofia oriental, o escritor contou, em entrevistas na época do lançamento, que o livro nasceu de uma preocupação pessoal. "Sempre fiquei intrigado com o mistério da existência, então tentei traçar a história do pensamento teológico desde a época do Velho Testamento até Einstein", contou à Forbes. Para Chopra, a ideia de Deus é instintiva e nasce do esforço do homem para conhecer a si.

Mais cultivado entre intelectuais, Deus, um delírio, do biólogo britânico Richard Dawkins, contesta a existência de um ser supremo no comando do mundo e da vida. Causou polêmica e alcançou as listas de best-sellers, como boa parte do que Dawkins escreve. Foi lançado no Brasil e, no mesmo ano, o britânico Christopher Hitchens publicou Deus não é grande, tentativa de provar que religiões e deuses "atrasam" a civilização.

Porém, é no lado de quem está a favor, e não contra, como Hitchens e Dawkins, que Deus vira personagem de um mercado com de 42 milhões de leitores potenciais e mais de uma centena de livros publicados nos últimos anos. Dois grandes grupos editorais brasileiros, a Ediouro e a Planeta, apostam em selos de livros evangélicos para conquistar um mercado dominado pelas editoras das igrejas. Na norte-americana Thomas Nelson, o selo para publicações evangélicas da Ediouro, nem Jesus ocupa mais lugar que o pai. Deus está em boa parte das capas das publicações e é a solução para todo tipo de literatura e de problema: ficção, estudos teológicos e guias cristãos de vida prática.

Max Lucado, o autor mais vendido da Thomas Nelson, assina Soluções de Deus para os grandes e pequenos problemas, compilação de reflexões sobre religião e representante máximo. O bispo Desmond Tutu lançou, em 2012, Deus não é cristão, coletânea de discursos nos quais o Nobel sul-africano defende que a figura divina é direito de qualquer grupo religioso e não tem proprietários. Também recente, Cartas de um Deus que te ama reúne trechos da Bíblia para transmitir mensagens divinas e Plano B - A resposta de Deus quando tudo parece errado (esgotado) é guia de soluções para as dificuldades da vida cotidiana baseado, claro, na doutrina evangélica.

Ficção
Na ficção, o todo-poderoso também encontra lugar. Em 36 argumentos para a existência de Deus, a escritora norte-americana Rebeca Goldstein conta a história de um professor de psicologia da religião que faz sucesso com um livro escrito para provar a inexistência do pai de todas as religiões. Cheia de humor e sagacidade, a escrita de Rebeca passeia pelas dúvidas que povoam a mente humana quando se trata de sua própria existência. E nesse caso, Deus é sempre uma dúvida, um ponto de interrogação para o qual a resposta é sempre íntima e pessoal.

Números
As vendas da Thomas Nelson representam 30% do faturamento da Ediouro e cresceram, segundo o editor Omar Souza, 140% nos últimos três anos. Ele atribui o sucesso de vendas ao crescimento das igrejas evangélicas e as escolas bíblicas, nas quais a leitura traz prestígio para os fiéis. E como Deus é a estrela dessa peça, ele ocupa mais espaço no roteiro. "O apelo com o nome de Deus é naturalmente forte", diz Souza. "É um caminho natural que estou percebendo e isso vem se intensificando. Mesmo as editoras que não têm essa coisa religiosa estão se aproveitando. O Deepak Chopra não é evangélico, mas o livro dele tem um apelo. O livro do Dawkins, que é contra, também tem o apelo. Querer saber mais sobre Deus é inerente ao ser humano."

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