sábado, 7 de junho de 2014

A LÍNGUA MÃE.


A LÍNGUA MÃE

Manoel de Barros

Não sinto o mesmo gosto nas palavras:

oiseau e pássaro.
Embora elas tenham o mesmo sentido.
Será pelo gosto que vem de mãe? De língua mãe?
Seria porque eu não tenha amor pela língua de Flaubert?
Mas eu tenho.
(Faço este registro porque tenho a estupefação
de não sentir com a mesma riqueza as palavras oiseau e pássaro)
Penso que seja porque a palavra pássaro em mim repercute a infância
E oiseau não repercute.
Penso que a palavra pássaro carrega até hoje nela o menino que ia de tarde
                                                   Para debaixo das árvores a ouvir os pássaros.
Nas folhas daquelas árvores não tinha oiseaux
Só tinha pássaros.
É o que me ocorre sobre língua mãe.

BARROS, Maanoel. O fazedor de amanhecer. São Paulo: Salamandra, 2001. (s.p.).
http://livroletrarteemminas.blogspot.com.br/2012/11/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html

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