sexta-feira, 21 de março de 2014

UMA REFLEXÃO SOBRE DEBATER OU DIALOGAR.

Como alguém pode se tornar um DEMOCRATA se a maioria das EXPERIÊNCIAS DE VIDA que possuí (no lar, na escola, no trabalho,...) é em ESTRUTURAS AUTOCRÁTICAS (onde OBEDECER é muito mais aceito do que ARGUMENTAR E CONSTRUIR CONSENSO)? (esta reflexão derivou de um tópico sobre a Escola poder ou não ser agente de aprimoramento da Sociedade uma vez que ela é reflexo desta Sociedade - encontro da Rede Nacional de Educação Democrática, realizado na última sexta-feira, 14 de março, na Faculdade de Educação da USP - concordo com argumentações de que, ao se tornar espaço de convivência democrática, a escola pode contibuir para a CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA (assim como pode fazer o lar, o escritório, a fábrica, a rua e qualquer outro espaço de interação humana)  - Claudio


DEBATER OU DIALOGAR?
Alkíndar de Oliveira
“A única forma de tirar vantagem de um debate é evitá-lo”. Dale Carnegie.
Ouve-se que é preciso debater à exaustão determinado tema conflitante, para chegar-se a um consenso. Há nesta corriqueira afirmação um equívoco: num debate dificilmente chega-se a um consenso, pois no debate a pessoa chega com determinada hipótese e procura vencer, com suas idéias, as opiniões dos outros participantes. No livro A Quinta Disciplina, Editora Campus, seu autor Peter Senge relata algumas frases determinantes de David Bohm sobre diálogo. David Bohm, destacado estudioso da física quântica, em uma das suas frases traduz a essência do diálogo: “No diálogo não estamos tentando vencer. Todos estaremos vencendo se estivermos fazendo de maneira correta”. Se for preciso chegar a um consenso, o mais adequado instrumento da comunicação é o diálogo. No entanto, é preciso deixar claro que o objetivo maior do diálogo é atingir a comunicação eficaz, a qual, em momentos adequados, admite e valoriza tanto o consenso quanto a falta dele.
A característica básica do debate é que as partes se comportam como adversárias. O que faz sentido no meio político ou em outras circunstâncias eletivas, onde um candidato a determinado cargo procura derrotar o outro, com sua plataforma e argumentos. Mas, reflitamos, no mundo corporativo, organizacional ou institucional é conveniente que haja adversários? Certamente não. Dalai Lama, no seu livro Transformando a Mente, reforça a importância do diálogo nos tempos atuais. Ele esclarece que o debate se justificaria “se os interesses fossem bem definidos e o meu interesse fosse independente do seu, nesse caso a vitória e a derrota funcionariam. Mas, na atualidade, os interesses de todo o mundo estão muito entrelaçados.”
No livro Liderando pelo Conflito (Campus), seu autor Mark Gerzon pontua as diferenças essenciais entre debate e diálogo, como transcrevo a seguir.
I) Debate: Pressupor que exista uma resposta certa e você a tem; Diálogo: Pressupor que muitas pessoas tenham partes da resposta.
II) Debate: Combativo: os participantes se esforçam para provar que o outro lado está errado. Diálogo:Colaborativo: os participantes trabalham juntos para um entendimento comum.
III) Debate: O importante é vencer; Diálogo:O importante é chegar ao consenso.
IV) Debate: Ouvir para achar as falhas e fazer contra-argumentações; Diálogo: Ouvir para entender, encontrar um significado e chegar a um acordo.
V) Debate: Defender nossas próprias suposições como verdades; Diálogo: Revelar nossas pressuposições para reavaliação.
VI) Debate: Ver os dois lados de um problema; Diálogo: Ver todos os lados de um problema.
VII) Debate: Defender seu próprio ponto de vista contra o dos outros; Diálogo: Admitir que o pensamento dos outros pode melhorar o seu próprio.
VIII) Debate: Procurar falhas e pontos fracos na posição dos outros; Diálogo: Procurar pontos fortes e relevância na posição dos outros.
IX) Debate: Por criar um vencedor e um perdedor, desencoraja diálogos futuros; Diálogo: Mantém o tópico aberto mesmo após o encerramento formal do diálogo.
X) Debate: Buscar uma conclusão ou um voto que ratifique sua posição; Diálogo:Descobrir novas opções, não buscar chegar ao fechamento.
Em meu livro O Poder do Diálogo, Editora Planeta, este tema é -merecidamente - aprofundado.
CURRÍCULO DO PROF. ALKÍNDAR:
Criador da metodologia para implantar a “VISÃO SISTÊMICA”, o “DIÁLOGO” e o “CONSENSO, Alkíndar de Oliveira é autor de vários livros, sendo o último “O PODER DO DIÁLOGO, Como se tornar um grande líder”, Editora Planeta.
Escritor,Palestrante, Consultor de Empresas e Professor de Liderança, Oratória, Ambiente Organizacional, Visão Sistêmica, Comunicação Interna e outros temas de interesse das empresas. Radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra - em todo o Brasil - treinamentos comportamentais para líderes.
Suas teses e artigos estão expostos em veículos de comunicação como as revistas Você S/A e Bons Fluidos, da Editora Abril; revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, Editora Globo; revista “Venda Mais”, Editora Quantum; e os jornais Valor Econômico, O Estado de São Paulo e Jornal do Brasil.

Texto acima recebido via lista de E-mail dos Românticos Conspiradores (http://romanticos-conspiradores.ning.com/). Em resposta à solicitação de  indicação de textos sobre a importância da realização de assembléias como forma de gerir as regras na escola ou na sociedade.
Esta foi umas das questões 'pendentes de aprofundamento' no encontro da Rede Nacional de Educação Democrática, realizado na última sexta-feira, 14 de março, na Faculdade de Educação da USP (mais informações: http://portaldoeducador.org/encontro-da-rede-nacional-de-educacao-democratica-na-fe-usp/). Foi uma experiência gratificante ouvir relatos das experiências e sofrimentos de vários professores que estão vivendo o desafio de cultivar Uma Outra Educação.
Sobre Assembléias e Democracia Escolar  ver também:
ARAÚJO, Ulisses F. Assembléia Escolar: um caminho para a solução de conflitos. São Paulo: Moderna, 2004.
PUIG, Josep M. As Assembléias de Sala de Aula ou como Fazer Coisas com Palavras. In: ARGÜIS, Ricardo e outros. Tutoria: com a Palavra, o Aluno. Porto Alegre: Artmed, 2002.
Luciene R. P. Tognetta e Telma P. Vinha, Quando a escola é Democrática: uma olhar sobre a prática das regras e assembléias na escola. Mercado de Letras, Campinas, 2008.
Singer, Helena República de Crianças - sobre experiências escolares de resistência, Mercado de Letras, 2010
Claudio Estevam Próspero 

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