terça-feira, 24 de dezembro de 2013

QUE PLÊIADE DE CAMPANHENSES!

PERSONALIDADES CAMPANHENSES

Pg. 70. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 30/10/1912
                             DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO ANO DE 1.912
Foi sempre tradição na cidade Campanha o notável gosto pelas letras, o que motivou o grande número de filhos da cidade graduados pelos cursos superiores do país. O ensino de humanidades completo se difundia por todas as camadas sociais, ao ponto em que até as pessoas de condição humilde sabiam a fundo a língua latina.Neste aspecto, suponho que nenhuma cidade do interior superou Campanha durante o período Imperial.
O engenheiro militar, Dr. Francisco Xavier Lopes de Araujo, Barão de Paríma, não foi político, não realizou negociações diplomáticas, não firmou tratados. Era um técnico e, nesta condição, serviu nas fronteiras. Possivelmente, ninguém tivesse tido maior numero de comissões desta natureza. Percorreu a linha de nossas fronteiras em diversos de seus trechos.Presidiu a comissão brasileira de limites com o Uruguai e, mais tarde, como chefe das respectivas comissões mistas, serviu na demarcação de nossos limites com o Paraguai e do extremo norte do Brasil, ao definir as fronteiras com a Bolívia e com a Venezuela.
Pelos relevantes e extraordinários serviços pais, foi agraciado com o título de Barão de Parima.
Na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1827, dos quatro estudantes mineiros que ali se matricularam, três eram da Campanha: o Dr. Tristão Antonio de Alvarenga, o Dr. José Christian Garção Stockler e o Dr. Cyrino Antonio de Lemos.
E, cada vez mais,os filhos da Campanha tiveram entrada nos cursos superiores, espalhando-se por todos diversos ramos das profissões liberais e muitos haviam de conquistar renome, não só em Minas, como em todo pais.
Na literatura, a figura proeminente é a do Dr. Américo Lobo, que deixou diversas poesias líricas e outros trabalhos importantes. Traduziu as Buccolicas de Virgilio, o Tartufo de Mo-Here e a Evangelina de Longfellow. Essas duas ultimas traduções constituem verdadeiras obras-primas.
O Dr. Simplício de Saltes que, infelizmente, pouco sobreviveu à sua formatura, conquistou enorme reputação literária na Faculdade de São Paulo, que Couto Magalhães fez à sua biografia com os maiores elogios.
Xavier da Veiga pontificou na imprensa de Minas, onde redigiu a Província; e, nele, o literato se aproximava do público.
O Dr. Francisco Honório Ferreira Brandão, redator do Colombo, mostrava urna solida cultura e um estilo primoroso.
No Monitor Sul Mineiro, o Dr. Evaristo da Veiga, de uma imaginação fecunda, deixou páginas inolvidáveis, e o Dr. Saturnino da Veiga escrevia com elegância.
Na imprensa, o Dr. Stockler o e o Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior fizeram extraordinária obra literária. Stoekler tanto se revelou um polemista vibrante, como um fino humorista, e em João Braulio Júnior predominou a sua alma de poeta que a todos encantava. Médico de reconhecida competência, jornalista brilhante, político de grande prestígio, orador fluente, parlamentar respeitado e atuante, e secretário de estado.
Na geração mais nova, surge o Dr. Veiga Miranda, com promissores trabalhos poéticos e literários. Nos estudos históricos, Xavier da Veiga deixa obra vasta. São deles as Ephemerides Mineiras, em que ele consumiu as suas energias e nelas encontram-se importantes elementos para a História de Minas. Além disso, organizou o Arquivo Público Mineiro.
Perdigão Malheiros escreveu o apreciado trabalho da história do Brasil, de 1500 até 1819. Dr. Francisco de Paulo Ferreira de Rezende deu á publicidade interessantes estudos histórico. O Comendador Bernardo Saturnino da Veiga, depois de uma longa excursão pela vasta região Sul Mineira escreveu o Alfonte Sul Mineiro,
O Dr. Francisco Lobo tem diversos trabalhos de grande merecimento, como a Busca das Esmeraldas, Descobrimento e devastação do Território de Minas Gerais e o romance Tio Espedito de Espinosa.São trabalhos de muita investigação, e escritos com o maior escrúpulo.
Julio Bueno, operoso escritor, redige o Almanaque da Campanha, por incumbência do infatigável redator do Monitor Sul Mineiro, o Sr. José Pedro da Costa.
Nas ciências jurídicas e sociais, a maior figura é o Dr. Perdigão Malheiros. Além de ter sido o grande jurisconsulto da Emancipação, foi também um dos maiores jurisconsultos do Brasil. Presidiu, durante cinco anos, o Instituto dos Advogados do Brasil, e depois foi Presidente honorário desse mesmo Instituto. Produziu, ainda, o Manual do Procurador dos Feitos da Fazenda;
O Dr. Francisco Veiga, professor da Faculdade de Direito de Minas, foi redator da Resenha Jurídica. O seu reconhecido preparo em assunto de direito é versado em matéria de finanças, e sendo uma respeitável figura, presidiu por muitos anos, a Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados.
João Pedro da Veiga Filho, professor da Faculdade de Direito, e Diretor da Escola de Comércio de São Paulo, publicou o Manual da Ciência das Finanças, obra clássica sobre o assunto. E escreveu, além disto, uma longa série de interessantes monografias sobre assuntos econômicos e financeiros. A sua obra foi vasta. Foi uma autoridade sobre estes assuntos e acatada em todo o país.
O Dr. Gabriel de Rezende, professor dos mais ilustres da Faculdade de S. Paulo, com diversos trabalhos raros.
Estevão Lobo, professor da Faculdade de Direito de Minas Gemes, gozava de grande reputação Era um estudioso do direito. Publicou monografia sobre a autoria coletiva e cumplicidade, e deixou esparsos, pelos jornais e revistas, da época. Produziu outros trabalhos de valor, como Criminalidade Juvenil, culminando em sua atuação parlamentar, onde elaborou trabalhos eruditos na organização das Leis de Minas.
Dr. Muller de Campos, foi professor da Escola Militar e depois General Chefe das fortificações da República
Eugênio Vilhena de Morais, Professor, Escritor, Poeta e Diretor do Arquivo Nacional
Martiniano da Silva dos Reis Brandão, foi Diretor de Óbras Públicas em Minas Gerais
Nas ciências médicas, o Dr. Vital Brazil descobriu o soro antiofídico e dirigiu em São Paulo o modelar Instituto de Butantã. Também devem ser destacados os drs. Francisco Honório Ferreira Brandão, Mathias Antonio Moinhos de 'Vilhena e Rodolpho Vilhena de Morais, três renomados médicos que se impuseram pela competência no exercício da medicina.
Na carreira eclesiástica, distinguiram-se como pregadores os Vigários João de Deus e o Cônego José Theophilo Moinhos de Vilhena que, não só pelo conhecimento, mas também por suas virtudes, chegaram às altas dignidades da Igreja.
Dom Francisco da Silva, Arcebispo do Maranhão. Dom João de Almeida Ferrão, Bispo da Campanha.
Monsenhor Paulo Emílio Moinhos de Vilhena, Vigário Geral da Diocese da Campanha, Protonatario Apostólico e Administrador Apostólico da Diocese. Iniciou seus estudos em Campanha e, aos 19 anos, foi para o Seminário de Mariana, nessa época funcionando no Caraça, tendo sido ali matriculado em 5 de outubro de 1865. Estudou Filosofia, Escolástica, Teologia Moral e Dogmática, Direito Canônico, Hermenêutica, Liturgia e Eloqüência Sagrada. No dia 4 de junho de 1871, no Santuário do Caraça, recebeu as ordens sacerdotais das mãos de Antonio Ferreira Viçoso, Dom Viçoso, Bispo da Diocese de Mariana.
Na magistratura, houve três grandes figuras: o Dr. Ferreira de Rezende, o Dr. Américo Lobo e o Dr. João Braulio Moinhos de Vilhena.
Ferreira de Rezende teve assento no Supremo Tribunal Federal, mas a sua figura não se revelou por completo; viram-no, apenas, a linha austera e seu caráter. Ele chegou enfermo e faleceu logo depois.Américo Lobo foi também ministro do Supremo Tribunal Federal. João Braulio Moinhos de Vilhena ficou em Minas, onde fez toda a sua carreira de magistrado, em que alcançou a suprema investidura. Não chegou ao Supremo Tribunal Federal, tendo declinado do convite que lhe fora feito, alegando motivos pessoais. Entretanto, ninguém elevou mais alto a Justiça no país, quer pela lucidez, quer pela retidão de suas sentenças. Dir-se-ia que João Braulio era a própria encarnação da Justiça, serviu-a em todos os gráos; e, durante vinte e um anos, presidiu o Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Como Campanhense que sou e que conheço nossa gente, nossas raizes, sei que os exemplos são inúmeros e se fôssemos homenagear todos todos Camapnhenses que o fazem por merecer, precisariamos redigir um livro, ao invés de uma sucinta matéria. Porém, mais importante que os nomes, nesse caso, é a origem, a fonte de cultura na qual todos beberam e que fez com que eles alçassem vôos tão altos na história não só de nossa cidade, mas do país.É essa fonte que hoje celebro, através dessas linhas, e cuja recordação devemos manter sempre viva. Mais do que isso: devemos ter orgulho da veia humanística e literária da Cmpanha, e dos valorosos filhos que ela produziu, do Império até os dias atuais.

Tarcísio Brandão de Vilhena

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