terça-feira, 13 de setembro de 2011

ENTREVISTA COM O PROF. FERNANDO NANI , DO MEIO AMBIENTE LOCAL.

Nosso entrevistado é o professor Fernando Antonio Nani Carvalho, atual responsável pelo departamento de Meio Ambiente da Campanha. Uma figura ímpar da nossa sociedade. Sua dedicação à tudo a que ele se compromete, é algo que merece de todos nós o maior respeito.

01.  O que as autoridades têm a dizer sobre a atual situação do meio ambiente na cidade de Campanha?
As autoridades competentes para trabalhar com o Meio Ambiente em todos os municípios mineiros, segundo a Legislação em vigor (1988) são: Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, Polícia Militar do Meio Ambiente, Promotoria Pública, Prefeitura (Departamento do Meio Ambiente), além dos órgãos Estaduais como a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, IGAM (Instituto da Gestão das Águas Mineiras), FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente). IEF (Instituto Estadual de Florestas) IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), além dos órgãos federais como o IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Renováveis) e todos são subordinados ao Ministério do Meio Ambiente.
Todos estes órgãos possuem responsabilidade de defesa do Meio Ambiente de seus Estados e municípios.
Com relação à Campanha, a Promotoria Pública e o Departamento Municipal do Meio Ambiente, possuem a responsabilidade de proteção ambiental e muitas outras funções como promover a Educação Ambiental em todas as esferas da Educação.
O Meio Ambiente da Campanha está passando por grandes transformações antrópicas por conta do avanço da agropecuária e construção civil.
A degradação ambiental é grave e todos os órgãos responsáveis ainda não conseguem controlar os avanços sobre as áreas naturais do município.
O avanço urbano está coerente com as necessidades de habitação e construção de novos estabelecimentos comerciais, porém é necessário que a Legislação pertinente seja respeitada.
Ainda não temos um Zoneamento Ambiental do Município, mas o teremos em breve e com modelo próprio.

02.  Quanto ao lixo da cidade o que tem sido feito?
A produção de resíduos sólidos (orgânicos e inorgânicos) e ainda o líquido em Campanha está passando por transformações na sua forma de acomodação e recolhimento. Vai aumentar os dias de recolhimento e a forma.
O aterro controlado está demonstrando resultado positivo no sentido de atender a legislação estadual e o programa Minas sem Lixões.
Notamos que se tecnicamente ainda estamos no caminho falta também ainda uma grande campanha de Educação Ambiental para aumentar a conscientização da população de respeitar regras básicas de como tratar, acomodar e descartar os resíduos sólidos produzidos em casa.
Há recolhimento de óleo de cozinha usado, pilhas e baterias de celulares, fato que contribui para as questões de proteção de nosso solo e lençol freático. Além de iniciarmos o recolhimento de lixo eletrônico.     

03.  Levando em consideração que a resposta envolva o aterro controlado da cidade) qual a diferença básica entre o aterro sanitário e o controlado?
O aterro controlado é o lixão enterrado onde os problemas maiores são minimizados.
Os resíduos sólidos (orgânico e inorgânico) enterrados evitam os problemas com os roedores, mau cheiro (produzidos pelos gases que são causados pela mineralização dos componentes dos orgânicos) e ainda não permite que pessoas passem a separar os resíduos sólidos inorgânicos do aterro. Tecnicamente não é necessário investimentos em recolhimento do chorume e a captação do gás metano produzidos pelos resíduos sólidos orgânicos
O aterro sanitário é um complexo que envolve tecnologia e funcionários especializados, assim como a contratação de empresa especializada para construção do mesmo.
Porque não há desperdício do gás metano produzido e chorume é canalizado em caixas e o descarte é controlado pelo próprio aterro. Sendo mesmo como ponto de turismo para o município.

04.  O que tem sido feito quanto aos gases gerados no processo de decomposição do lixo no subterrâneo do aterro?
O gás que é produzido em quantidades pequenas, formado pelos nossos resíduos sólidos orgânicos, é o metano. Este ainda não recebe tratamento especial pois sua captação ainda não é feita no nosso aterro controlado.
Não temos quantificação da produção desse gás, mas pela quantidade de resíduos sólidos recolhidos, ainda não tivemos problema de explosões ou interferência no lençol freático do município e nem contaminação pelo nas águas superficiais.


05.  Qual o impacto no meio ambiente (tanto animal quanto vegetal) do chorume?
Ainda não temos quantificação técnica.
O Departamento Municipal do Meio Ambiente estuda constantemente o assunto através de visitas ao aterro controlado e através de pesquisas bibliográficas, mas não temos um relatório técnico sobre este assunto. Porem com entrevistas com moradores da área de entorno do aterro controlado e com comprovação in loco de visualização das águas superficiais do entorno sabemos que este problemas ainda não é alarmante ao ponto de necessitar de interferência técnica neste tipo de aterro da Campanha.

06.  Tem algum projeto de implantação de escape e queima do chorume? Em caso afirmativo, está previsto para quando?
A medida mitigadora neste sentido ainda não se fez necessária.
A captação do chorume será responsabilidade de medidas futuras quando o aterro controlado for transformado em sanitário. Como não há evidência da agressão à população e ao ambiente de entorno as características técnicas atuais de nosso aterro controlado acolhe todas as necessidades ambientais.

07.  Existe algum projeto de reciclagem na cidade? Se sim como tem sido a fiscalização deste projeto?
A reciclagem de resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos ainda está longe de se realizar por motivos técnicos.
A ASCORCAMP realiza a coleta seletiva dos resíduos sólidos inorgânicos.
Campanha ainda não possui empresa para este tipo de serviço
Os resíduos sólidos inorgânicos recolhidos pela ASCORCAMP são vendidos para empresas de Varginha que revendem o material comprado da Campanha.

08.  Além dos lixões  há também a questão do cemitério. O que poderia ser dito sobre isso?
É importante lembrar que Campanha não possui mais o Lixão e sim Aterro Controlado.
O cemitério da Campanha já mudou várias vezes de lugar e os estudos sobre os problemas dos cemitérios no Brasil ainda não fornecem informações ambientais concretas.
São muitos os estudiosos, mas falta aplicação concreta das resoluções do CONAMA.
O cemitério da Campanha está organizado e sempre limpo, fato que vai de encontro com estas resoluções. Os espaços entre as sepulturas são calçados e estes estão organizados para facilitar a localização das mesmas pelas famílias.
O cemitério já foi ampliado várias vezes e sempre seguiu as regras ambientais da atualidade.
É óbvio que ainda precisa de adaptações para que todas as normas do CONAMA sejam, seguidas para proteção dos funcionários e das pessoas que o visita.

09.  Dentre os diversos gases que o corpo humano libera no processo de decomposição alguns podem vir a matar, levando em consideração que a criação de necrópoles no meio urbano deva ser controlado e não possa haver moradias dentro de um perímetro relativo; a pergunta é: O que as autoridades competentes pretendem fazer para que a situação na nossa cidade possa se modificar?
Nunca foi constatado vazamento de gases funerários, que são resultantes da putrefação dos cadáveres, como o gás sulfídrico, os mercaptanos, dióxido de carbono, metano, amoníaco e a fosfina. Porque as sepulturas sempre estiveram em estado de conservação satisfatório.
Segundo a legislação vigente, ou se a resolução do CONAMA, fica assim definido:

RESOLUÇÃO CONAMA nº 368, de 28 de março de 2006
Publicada no DOU nº 61, de 29 de março de 2006, Seção 1, páginas 149-150
§ 1 É proibida a instalação de cemitérios em Áreas de Preservação Permanente ou em  outras que exijam desmatamento de Mata Atlântica primária ou secundária, em estágio  médio ou avançado de regeneração, em terrenos predominantemente cársticos, que apresentam cavernas, sumidouros ou rios subterrâneos, bem como naquelas que tenham seu  uso restrito pela legislação vigente, ressalvadas as exceções legais previstas.

Deve – se levar em consideração que o aumento urbano na Campanha é constante e por este motivo a área inicial do cemitério foi urbanizada e loteamentos foram criados em área próxima.
Pela resolução do CONAMA, Campanha não comete nenhum erro com relação á localização do cemitério. E não é preocupante a localização atual de nosso cemitério.

10.  Existe alguma fiscalização dentro dos cemitérios, para que irregularidades não ocorram? Como por exemplo: crianças pulando os muros do mesmo com o intuito de brincarem, coisa que é muito comum em todas as cidades.
Eu desconheço este tipo de problema porque o meu objetivo é a questão ambiental.
A questão de segurança está a cargo de outro departamento municipal.
O acesso no cemitério é livre e não pode ser negado para ninguém e pela aparência física do cemitério penso que não temos problemas de invasão.

11.  Dentro dos limites de atuação do departamento de meio ambiente de uma cidade, também se encontram a poluição visual e sonora. Quanto a este assunto o que as autoridades competentes têm a dizer?
Estes tipos de poluição são reduzidos e localizados.
Em um município das dimensões populacionais como o nosso não temos este tipo de registro na história do Departamento Municipal de  Meio Ambiente.
A poluição sonora está baseada no som emitidos pelos automóveis particulares e este caso está a cargo da Polícia Militar e a ação está condicionada a casos específicos e ao som que incomoda vizinhos. Em época de eleições há a poluição de propaganda de políticos.
Visto que fábricas e trânsito não incomodam Campanha pela quantidade ainda existente.
A poluição visual ainda não se faz sentir nas ruas da cidade.
Portanto não é preocupação do Departamento do Meio Ambiente.  

12.  Campanha e os produtores de café, ponkan, batata e outros. Como é a fiscalização para que não haja prejuízos ao meio ambiente quanto ao uso de agrotóxicos e caso algum produtor cometa desmatamento não autorizado?
São duas situações de agressões ambientais que possuem fiscalizações diferentes.
O uso de agrotóxico está a cargo do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária)  e o desmatamento é o IEF (Instituto Estadual de Floresta) .
O Departamento Municipal do Meio Ambiente faz as vistorias sempre que julga necessário e conta sempre com o apoio dos órgãos legalmente constituídos.
As Polícias Militar de Minas Gerais e a Militar Ambiental são acionadas quando a situação exige e constantemente estão em ação em nosso município.
Há visitas periódicas na zona rural e constantemente o Departamento comunica ao IMA sobre as observações, mas no Meio ambiente é preciso respeitar uma hierarquia para funcionar organicamente as instituições.  O Departamento não pode multar ninguém e nenhuma empresa ou propriedade rural ou urbana e para isto há órgãos competentes. O que o Departamento faz é fiscalizar, orientar e acionar estes órgãos inclusive a Promotoria Pública. 
O que o Departamento Municipal do Meio Ambiente já constatou é que há muita utilização de agrotóxico e desmatamento e que o ambiente natural da Campanha está tão transformado quanto outros municípios do Brasil. A mudança do Código florestal Brasileiro ainda não concretizou e traz ainda muitas dúvidas e isto dificulta a ação das autoridades.

13.  Existe algum trabalho nas escolas, de conscientização ambiental?
Sim, mas é preciso tempo para que as ações se concretizem na sociedade da Campanha.
A cultura ambiental  não é comum arraigada na cultura geral do Brasileiro. Este fato é facilmente observado no relacionamento que a população possui com o descarte dos resíduos orgânicos e inorgânicos.
Foram várias palestras com os (as) alunos (as) menores e é constante o contato com todas as idades de estudantes. Mas logo será feito uma nova etapa da Educação Ambiental no município.
A Educação Ambiental não tem idade e época dão ano visto que a participação da população nos programas de PAPA PILHAS e do ÓLEO de COZINHA  está entro do esperado e isto é Educação Ambiental prática.

14.  Para finalizar: Em que Campanha pode dizer que se destaca, incomensuravelmente, na preservação do meio ambiente?
Ainda não tenho uma. Não tenho uma resposta técnica.
É preciso tempo para que os programas desenvolvidos se destaquem para que possamos avaliar.
Mas, é garantido que todos vão surti efeito.  
A cultura geral do povo da Campanha é um ponto positivo e isto será a base para a conscientização da Educação Ambiental.

3 comentários:

  1. Parabéns Nando. Muita luta. Você é uma pessoa essencial e no lugar certo.

    Luiz Américo

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  2. O Fernando na Secretaria do MA é garantia de que teremos melhoras no setor aí em Cpa!!
    Competência,formação e dedicação ele tem de sobra.
    Campanha merece e os campanhenses agradecem.
    Patricia Goldfeder/BH

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  3. Qual o link da secretaria de meio ambiente de Campanha para que eu possa consultar os projetos, verificar icms ecológico, educação ambiental, parcerias com secretaria de turismo, informações sobre atrativos culturais etc. Grato. Rômulo Neder

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